Amigos
Era de costume aos sábados, por volta das 19 horas, Roberto atravessar a rua de casa e sentar no bar para tomar uma gelada e comer o famoso feijão com torresmo do seu Batista. Gostava de ficar sozinho refletindo a vida, a carreira, a família e a morena que passava sempre por ali na volta do salão. A única coisa que ele falava naquele momento de concentração era - Batista, mais uma, por favor - Batista era o dono do bar. Conhecia tão bem o Roberto que já deixou levar algumas garrafas para casa e devolver no dia seguinte.
Já era final do expediente do Roberto. Ele estava levantando para ir até o balcão e acertar com seu Batista.
- Roberto?
Olhou para lado e não reconheceu a voz.
- Roberto!! Você por aqui? Quem diria em...
Roberto não desviava o olhar. Roberto não piscava. Roberto não movia. Ali ficou. Parado como se tivesse hipnotizado. O homem da voz levantou, abriu os braços e foi em direção ao Roberto - que nada pôde fazer a não ser abraçar.
- Deve ter o que, uns 3 ou 4 anos? Puta que pariu, cara. Por onde andou?
Roberto não tinha o que falar. Não conseguia. Apenas esboçava um leve sorriso no rosto e com uma das mãos segurava - forçadamente - a mão daquela voz. A verdade é que Roberto não fazia ideia quem era aquele rapaz. Tentou puxar na memória tudo, desde o nascimento, mas foi em vão. Não queria perguntar quem era porque tinha medo de ser algum padrinho de casamento. Preferiu apenas deixar o papo fluir até reconhecer aquele indivíduo.
- E a família? Cadê a sua irmã Lúcia?
Putz, Roberto! Não sei se isso é bom ou é ruim. Mas o cara conhece a sua irmã. Como você não lembra dele? Pensa bem. Pode ser antigo amigo da escola, da faculdade ou na pior das hipóteses ex-namorado da Lucinha. Temos uma pista. Pensa! Pensa!
- Você continua o mesmo meu amigo. Caladão. Sempre na tua. Tá morando ali ainda?
Aí não. Ele sabe onde fica a sua casa, Roberto. O cara sabe onde tu mora, Robertão. Como você não lembra da fuça dele? Como? How? Vai ficar aí parado ou vai falar algo? Tenta puxar mais pista. Quem sabe ele não revela a identidade - nome, idade, profissão - fala algo pela amor de Deus.
- Bom te ver Roberto. Até outro dia.
Fala algo Roberto. Ele tá indo embora sem você saber a identidade dele. Fala! Não posso ficar aqui nessa eterna curiosidade. Rápido, ele tá virando a esquina. Chama, grita, corre até lá e pergunta só o nome então. Faz algo. Não posso aguentar de curiosidade.
No fim o cara foi embora. Roberto nunca soube quem era. Nem ele, nem a gente.
Naquela dia, no caminho de casa, Roberto ficou falando para si mesmo como se tivesse tentando se convencer de algo.
- Tenho que parar de beber. Tenho que parar de beber. Estou esquecendo as pessoas. Tenho que parar de beber.
Um pouco mais longe da casa do seu Roberto, mas naquele mesmo dia, Alberto, no caminho de casa, ficou falando para si mesmo como se tivesse tentando se convencer de algo.
- Tenho que parar de beber. Tenho que parar de beber. Estou confundindo as pessoas. Tenho que parar de beber.
Já era final do expediente do Roberto. Ele estava levantando para ir até o balcão e acertar com seu Batista.
- Roberto?
Olhou para lado e não reconheceu a voz.
- Roberto!! Você por aqui? Quem diria em...
Roberto não desviava o olhar. Roberto não piscava. Roberto não movia. Ali ficou. Parado como se tivesse hipnotizado. O homem da voz levantou, abriu os braços e foi em direção ao Roberto - que nada pôde fazer a não ser abraçar.
- Deve ter o que, uns 3 ou 4 anos? Puta que pariu, cara. Por onde andou?
Roberto não tinha o que falar. Não conseguia. Apenas esboçava um leve sorriso no rosto e com uma das mãos segurava - forçadamente - a mão daquela voz. A verdade é que Roberto não fazia ideia quem era aquele rapaz. Tentou puxar na memória tudo, desde o nascimento, mas foi em vão. Não queria perguntar quem era porque tinha medo de ser algum padrinho de casamento. Preferiu apenas deixar o papo fluir até reconhecer aquele indivíduo.
- E a família? Cadê a sua irmã Lúcia?
Putz, Roberto! Não sei se isso é bom ou é ruim. Mas o cara conhece a sua irmã. Como você não lembra dele? Pensa bem. Pode ser antigo amigo da escola, da faculdade ou na pior das hipóteses ex-namorado da Lucinha. Temos uma pista. Pensa! Pensa!
- Você continua o mesmo meu amigo. Caladão. Sempre na tua. Tá morando ali ainda?
Aí não. Ele sabe onde fica a sua casa, Roberto. O cara sabe onde tu mora, Robertão. Como você não lembra da fuça dele? Como? How? Vai ficar aí parado ou vai falar algo? Tenta puxar mais pista. Quem sabe ele não revela a identidade - nome, idade, profissão - fala algo pela amor de Deus.
- Bom te ver Roberto. Até outro dia.
Fala algo Roberto. Ele tá indo embora sem você saber a identidade dele. Fala! Não posso ficar aqui nessa eterna curiosidade. Rápido, ele tá virando a esquina. Chama, grita, corre até lá e pergunta só o nome então. Faz algo. Não posso aguentar de curiosidade.
No fim o cara foi embora. Roberto nunca soube quem era. Nem ele, nem a gente.
Naquela dia, no caminho de casa, Roberto ficou falando para si mesmo como se tivesse tentando se convencer de algo.
- Tenho que parar de beber. Tenho que parar de beber. Estou esquecendo as pessoas. Tenho que parar de beber.
Um pouco mais longe da casa do seu Roberto, mas naquele mesmo dia, Alberto, no caminho de casa, ficou falando para si mesmo como se tivesse tentando se convencer de algo.
- Tenho que parar de beber. Tenho que parar de beber. Estou confundindo as pessoas. Tenho que parar de beber.
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